Remédio contra malária pode ser eficaz contra zika

Fundação Oswaldo Cruz

Um medicamento já usado no tratamento de doenças, como a malária, pode ser eficaz para proteger o cérebro de fetos contra a infecção pelo vírus da zika. Como noticiou o portal G1 (7/5), a equipe do Instituto de Biologia e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comprovou que o medicamento cloroquina pode evitar que o vírus da zika danifique as células nervosas em formação.

A descoberta foi considerada uma das mais importantes na luta contra o vírus da zika e pode ser mais uma arma no combate à microcefalia e aos danos cerebrais causados pela doença, principalmente em fetos. A pesquisa foi feita usando células em estágio inicial produzidas em laboratório a partir de células tronco. Elas representam a formação do sistema nervoso nas primeiras semanas de gestação, quando o vírus da zika é mais destruidor. O tratamento com a cloroquina reduziu o número de células infectadas em 95% e impediu a alteração do formato. 

O medicamento já é usado contra a malária e doenças autoimunes, como o lúpus, e não tem contraindicação para grávidas. Segundo Loraine Campanati, professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, entrevistada na matéria, a cloroquina ainda não pode ser usada. São necessárias algumas etapas do estudo para garantir o resultado contra a doença e os efeitos dela em humanos. “O medicamento traz uma vantagem: ele já é conhecido e é seguro em mulheres grávidas, mas para certas indicações terapêuticas. Para essa nova indicação terapêutica a gente ainda precisa ter um estudo clinico para provar que é na mesma concentração que a segurança se mantém a mesma”, avaliou ela.

O jornal O Estado de S. Paulo (6/5) foi cauteloso ao destacar que o trabalho dos pesquisadores, que está disponível na bioExiv — rede pública de compartilhamento de estudos científicos inéditos —, ainda não foi revisado por profissionais independentes.

Revista Radis Fiocruz nº 165