Desigualdade social põe saúde materna em risco 

 


No Brasil, mulheres têm uma chance em 780 de morrer de causas relacionadas à gravidez — nesse indicador específico, o país fica em 82º lugar entre 179 analisados. Os dados são do levantamento anual “O Bem-Estar das Mães do Mundo 2015”, feito pela ONG Save the Children. Há um abismo entre favela e asfalto quanto à qualidade dos serviços de saúde ofertados em diferentes países. O estudo coloca o Brasil em 77º lugar do ranking entre 179 países analisados, abaixo de países latino-americanos como Argentina e México. Conforme noticiou o site da BBC Brasil (10/5), o relatório utilizou dados de um estudo realizado no Rio que aponta que a taxa de mortalidade de recém-nascidos chega a ser 50% maior em favelas do que em bairros mais ricos.

“Há crescentes evidências de que os bairros onde se vive têm muito a ver com o acesso à saúde de qualidade”, declarou à reportagem da BBC Brasil o diretor regional da Save the Children na América Latina, Beat Rohr. Ele lembra que, historicamente, a saúde mundial tendia a ser melhor nas áreas urbanas do que nas rurais. “Mas hoje vemos que dentro das próprias cidades essa disparidade é muito grande, e isso se reflete em mortalidade materna e infantil.”

Dados de março deste ano apontam que a mortalidade materna vem caindo, mas em ritmo insuficiente para que o país alcance até o fim deste ano o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) no quesito. A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país.

Em 2013, 1.567 mil mulheres morreram no Brasil por complicações ao dar à luz, durante ou após a gestação ou causadas por sua interrupção. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem hoje 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida até o fim deste ano pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), da ONU, era chegar a uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.

Créditos: Súmula Revista Radis 154, Fiocruz.